Números da liderança feminina em empresas ainda são baixos

Números da liderança feminina em empresas ainda são baixos

As mulheres representam mais da metade da população brasileira. É o que diz o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, apenas 17% das mulheres desempenham cargos de liderança no país, segundo o Panorama Mulheres 2023, estudo feito pelo Talenses Group com o Insper. 

Apesar de baixo, o número é positivo. Isso porque ele mostra o crescimento da participação feminina em cargos de liderança, que foi de 13% em 2019 a 17% em 2022. Contudo, mesmo que a participação feminina esteja crescendo, no mercado financeiro, como bancos e fintechs, os chamados cargos C-Level – como diretoria e vice-presidência – ainda são ocupados majoritariamente por homens.

A FESA Group fez um recente levantamento com  82 empresas, 249 pessoas e 12 posições de trabalho e chegou à conclusão de que apenas 33,86% dos cargos de liderança das empresas de finanças são ocupados por mulheres.

Para a empresária e profissional da área de tecnologia Cristina Boner, ”este número reflete avanços significativos em algumas áreas, mas também destaca a persistência de barreiras sistêmicas que limitam a participação feminina em posições de liderança“.

Preconceito é um dos fatores que leva à desigualdade

O estudo da FESA Group revela, ainda, que a disparidade da presença entre homens e mulheres em setores como o de invest banking (BI), responsável por grandes operações financeiras, é a maior. A presença feminina está presente apenas em 17% dos cargos de alta liderança.

O levantamento mostra que a questão não é, necessariamente, a competência ou capacidade profissional das mulheres. Uma das explicações para essa baixa representatividade feminina reside no fato de que a área financeira foi majoritariamente masculina por muito tempo. Isso impediu, por exemplo, a capacitação e o acúmulo de bagagem por mulheres no setor – cujos cargos de liderança exigem, em média, 10 a 15 anos de experiência.

Cristina aponta a desigualdade de gênero e os preconceitos, ainda que inconscientes nos processos seletivos como alguns dos fatores que colaboram para a baixa presença de mulheres em posições de liderança. E acrescenta que a falta de políticas que apoiem o equilíbrio entre vida pessoal e profissional e os poucos modelos femininos em cargos altos que inspirem as novas gerações também fazem parte dessa equação. 

Por outro lado, o levantamento da FESA Group revela que determinadas áreas do mercado de trabalho ainda são majoritariamente ligadas às mulheres. São elas:

  • Recursos Humanos (RH), com 61,54%;
  • Relações Institucionais e Sustentabilidade, com 56,52%;
  • Gestão de Patrimônio, com 45,95%;
  • Jurídico, com 40%.

A empresária acredita que essa diferença se deve a diversos fatores, como o fato das mulheres serem vistas, historicamente, como cuidadoras ou com um olhar mais voltado para áreas que requerem mais habilidades sociais. Já setores mais técnicos ou estratégicos seriam classificados como mais adequados aos homens. 

“Esse fenômeno reflete não apenas preconceitos de gênero nas práticas de contratação e promoção, mas também o impacto de normas culturais e educacionais que influenciam as escolhas profissionais de homens e mulheres desde cedo”, ressalta Cristina. 

Os benefícios da diversidade

Desde 2023, a paridade salarial entre homens e mulheres é um direito constitucional, com a sanção da Lei nº 14.611 pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva. E assim como o pagamento, as oportunidades também deveriam ser iguais entre os gêneros. Cristina Boner enfatiza que estudos já mostram que a diversidade em conselhos e altos cargos tendem a ter melhor desempenho financeiro e empresarial.

“É fundamental reconhecer a importância da liderança feminina não apenas como uma questão de justiça social ou equidade de gênero, mas também pelo valor que traz em termos de diversidade de perspectivas, inovação e desempenho organizacional”, aponta a empresária.

Vale destacar que ambientes que promovam a diversidade em cargos de liderança geralmente possuem políticas inclusivas que abrangem, ainda, os demais níveis organizacionais.

”Nesse sentido, é essencial que as organizações adotem medidas concretas para promover a igualdade de gênero”, aponta Cristina, citando o desenvolvimento de diretrizes de promoção e contratação, programas de mentoria e patrocínio como algumas das soluções para o tema. 

Ela ainda destaca a importância da implementação de práticas de trabalho flexíveis que permitam a todos, independentemente do gênero, conciliar suas carreiras com suas vidas pessoais. “Também é crucial trabalhar na mudança cultural dentro das organizações para desafiar e transformar os estereótipos de gênero e promover um ambiente verdadeiramente inclusivo e acolhedor para todos”, finaliza a empresária.

Para mais informações, basta acessar: Cristina Boner | LinkedIn

DINO