Varejo: retração do consumo restringe investimentos

Após uma temporada de alta nas vendas de Natal e Black Friday, o varejo já mostra uma retração. Apesar de o movimento ser esperado, ele tem impactado o faturamento das empresas, uma vez que o varejo restrito deve recuar 0,29% no primeiro trimestre, segundo dados do Ibevar FIA Business School.
A pressão da inflação, principalmente nos alimentos e no aumento do dólar, que baliza os preços de diversos insumos da indústria, impacta o poder de compra principalmente das classes média e baixa.
“Muitas empresas varejistas custeiam sua expansão de forma orgânica, ou seja, por meio de recursos próprios. Outras, no entanto, financiam esses investimentos por meio de vários canais, desde private equity, emissão de debêntures ou via bancos”, analisa Marcos Saad, presidente da MEC Malls, que faz a concepção e gestão de strip malls no Brasil.
Uma combinação de retração do consumo, redução do faturamento, juros elevados e vencimento das dívidas dificultam a abertura de novas lojas, elevando os pedidos de recuperação judicial.
No levantamento do Ibevar, de sete segmentos analisados, três deles – supermercados, produtos alimentícios, veículos e peças – devem manter vendas estáveis no primeiro trimestre de 2025.
Tecidos e vestuário, por outro lado, registram uma queda projetada de 0,21%, ao passo que móveis e eletrodomésticos têm retração de 2,08%.
“A grande dúvida é quais destas empresas que estão se socorrendo por vias jurídicas conseguirão se recuperar efetivamente, pagando seus credores e saindo fortalecidas”, complementa Saad, que também é membro e presidente do Conselho da Associação Brasileira de Strip Malls (ABMalls).
Diante de um cenário que prevê dificuldades e queda de faturamento, a recomendação do especialista no desenvolvimento e gestão de strip malls é considerar duas máximas, que podem ser aplicadas aos negócios em geral.
“Crise gera oportunidade é uma das frases de que mais gosto. Outra é ‘caixa é rei’. Elas sempre guiam meus negócios e trazem um norte mesmo nas fases mais difíceis”, conclui.