Movimentação de carga sofre redução na capacitação técnica

Movimentação de carga sofre redução na capacitação técnica

A capacitação técnica média de profissionais responsáveis pela movimentação de cargas em setores como construção civil e industrial sofreu perda de qualidade nos últimos anos, afirma Leandro Bieco, engenheiro especialista em içamento de cargas da Acro Cabos – empresa especializada em equipamentos para elevação, amarração e movimentação de cargas. Como um dos responsáveis por dar treinamento técnico de segurança para empresas, ele destaca que a falta de preparo aumentou após a retomada das atividades nos anos que se seguiram à pandemia.

Pós-graduado em máquinas e integridade estrutural, o especialista atribui esta realidade ao modo como alguns setores foram afetados pelo período de redução da atividade econômica. Ele dá como exemplo a dificuldade de encontrar mão de obra qualificada em diversos segmento, o que muitas vezes leva à contratação ou realocação de profissionais em funções para as quais não tiveram o preparo correto.

“É nítido que o cenário atual é pior do que há alguns anos. Percebo na vivência dos treinamentos de capacitação que há maior despreparo em relação ao conhecimento de normas de segurança, utilização adequada de equipamentos e necessidade de realizar inspeções”, explica Bieco.

Brasil derrapa em segurança e capacitação

O fato de o cenário ter apresentado uma piora não significa que estivesse bom antes. O país tem um histórico de não dar a real importância para normas e procedimentos de segurança.

“Temos essa cultura de quem compra um aparelho novo e começa a utilizar sem consultar o manual, que só será lembrado após o surgimento de algum problema. Ou seja, primeiro faz o mau uso e só depois busca as instruções”, ilustra Bieco. “Esse comportamento precisa mudar, especialmente no segmento de movimentação de cargas. Isso se faz com treinamentos regulares e, principalmente, com trabalho de conscientização de todos os profissionais que atuam na área”.

Embora aspectos culturais sigam sendo um empecilho para melhorar a qualidade da segurança no planejamento e execução de içamento e movimentação de cargas, há sinais positivos segundo a perspectiva do especialista.

“Percebo mais interesse por parte dos técnicos de segurança e outros profissionais ligados ao trabalho de movimentação de carga. Muitos têm tomado a iniciativa de estimular suas empresas a darem treinamento e capacitação. Isso nasce da percepção desses profissionais de que eles têm responsabilidade direta sobre os riscos de acidentes e suas consequências”, aponta Bieco. “Estamos numa crescente, mas ainda em um ritmo muito lento e distante de onde deveríamos estar”.

DINO