Pancada: Existem rádios que tocam notícias, mas há outras que preferem dedicar-se às fofocas
Ah, os gloriosos anos 2000, a era dourada da “Rádio Fofoca”. Quem diria que, após o auge das rádios novelas nas décadas de 60 e 70, a humanidade ansiaria por algo mais estimulante, algo que desafiasse a inteligência e promovesse a “verdade absoluta”. E eis que surge a rádio fofoca, o ápice do jornalismo “imparcial” e da busca incansável pela veracidade dos fatos.
Nada como ligar o rádio e ser brindado com horas intermináveis de opiniões fervorosas e versões convenientes dos acontecimentos. Afinal, quem precisa de fatos quando se tem especulações enviesadas e teorias da conspiração? O importante é ter a sensação de que se sabe mais do que todo o resto do mundo.
Esses programas de opinião duvidosa, habilmente disfarçados como veículos de informação, são como um oásis intelectual em que a verdade é moldada conforme a conveniência. Eles são tão comprometidos com a veracidade que, por vezes, até políticos com contas aprovadas com ressalvas e pré-candidatos, que participam diariamente na emissora, se transformam nos guardiões da honestidade, destilando suas palavras sábias sobre o poder público.
E que surpresa encantadora descobrir que alguns desses comentaristas têm laços estreitos com grupos políticos ou pré-candidatos! Certamente, essa é apenas uma mera coincidência, uma demonstração de imparcialidade e objetividade jornalística. Afinal, quem não quer uma dose diária de veneno político matinal para começar bem o dia?
No ar, a promessa de soluções para todos os problemas, como se a resolução de questões complexas fosse tão fácil quanto mudar de estação. E, claro, a garantia de compromisso com a verdade, mesmo que essa verdade seja mais flexível que a ética em uma eleição.
Quando a emissora proclama ter um compromisso inabalável com a verdade, mas mente até mesmo sobre o número de ouvintes, resta-nos perguntar: o que mais podemos esperar de uma emissora com tal postura?
Então, depois do sucesso das rádios novelas, saudemos a era da “Rádio Fofoca” dos anos 2000, onde a informação é uma peça de ficção, os ouvintes são números abstratos e a verdade é apenas uma sugestão bem-humorada. Viva a evolução da comunicação!