Ano Novo: um a cada 10 acidentes com fogos de artifício levam à amputação
Casos contribuem para a sobrecarga dos serviços de saúde; queimaduras lideram emergências com dispositivos pirotécnicos
As celebrações de fim do ano não se tratam apenas de festas, mas também de preocupações para profissionais de saúde, que vêem a demanda de emergências aumentar, especialmente em hospitais especializados em traumas. Há mais de um século, os fogos de artifício são uma tradição brasileira durante as datas comemorativas, carregando beleza e perigo na mesma medida. Uma das principais lesões causadas pelo manuseio incorreto desses artefatos, as queimaduras resultaram em 4.809 internações e 34.567 atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS) entre janeiro e março de 2024.
Os fogos de artifício não perdoam a imprudência, e é nas mãos que muitas vezes deixam suas marcas mais graves. “A maioria dos traumas registrados por esse tipo de acidente ocorre nos membros superiores. Além das queimaduras, são comuns lacerações e ferimentos, que representam 20% dos casos. As amputações estão presentes em um a cada dez acidentes, exigindo muitas vezes cirurgias complexas e um longo processo de recuperação”, explica a ortopedista e cirurgiã da mão dos hospitais Universitário Cajuru e São Marcelino Champagnat, Giana Giostri, que também é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão.
Me machuquei, e agora?
Em caso de acidentes, cada tipo de trauma exige um cuidado específico: para queimaduras, resfriar a área afetada com água corrente fria por até 20 minutos, cobrir com um pano limpo ou gaze esterilizada e evitar pomadas, gelo ou substâncias caseiras; lesões por impacto, como fraturas ou esmagamentos, imobilizar o membro cuidadosamente e buscar atendimento médico imediato; já nos ferimentos ou lacerações, comprimir o ferimento com um pano limpo para controlar o sangramento, manter a área elevada e procurar assistência médica o mais rápido possível. Não remover objetos presos nem mexer na lesão.
Mesmo com essas medidas iniciais, o atendimento profissional especializado é indispensável para reduzir danos. “Diante de acidentes, buscar atendimento imediato faz toda a diferença, independentemente do tipo de lesão. O primeiro socorro adequado minimiza complicações e garante um prognóstico melhor para o paciente”, destaca Eduardo Novak, ortopedista e cirurgião da mão do Hospital Universitário Cajuru, 100% SUS e referência no atendimento de traumas.
Tratamento e reabilitação
Dependendo da gravidade do acidente, o tratamento pode exigir mais do que apenas um atendimento emergencial. Em casos graves, cirurgiões avaliam fatores como a extensão da lesão, o comprometimento dos tecidos e as condições clínicas do paciente. A partir disso, recorrem a procedimentos como reconstrução de lacerações, fixação de fraturas e, quando necessário, amputações cirúrgicas de dedos ou segmentos. “A mão é o órgão efetor do cérebro e é usada em praticamente todas as atividades diárias, pessoais e profissionais. Técnicas microcirúrgicas e enxertos ajudam a preservar sua funcionalidade e estética, mas nem sempre é possível reimplantar membros amputados devido à gravidade e complexidade das lesões”, explica Giana Giostri.
O tempo de recuperação varia conforme a extensão do dano, mas pode superar seis meses em casos complexos, exigindo reabilitação intensiva com terapia ocupacional e fisioterapia para restaurar mobilidade, sensibilidade e força no membro afetado. “A recuperação depende muito do engajamento do paciente e do suporte adequado durante o processo de reabilitação funcional intensiva”, ressalta a especialista.
Conscientização e cuidados
Embora as lesões provocadas por fogos de artifício sejam mais frequentes em festas juninas e de fim de ano, o alerta sobre os riscos deve ser constante. “É imprescindível difundir informações sobre os perigos da manipulação inadequada e o despreparo ao lidar com fogos de artifício, para que a população compreenda que um descuido pode levar a consequências graves”, enfatiza Eduardo Novak.
Para que as festas terminem com segurança, algumas orientações são indispensáveis. Disparar fogos apenas ao ar livre, longe de pessoas, substâncias inflamáveis e redes elétricas. Nunca segurar os fogos com as mãos; utilize suportes adequados. Ter sempre um recipiente com água por perto para descartar os foguetes usados.
A compra segura também é fundamental para evitar tragédias. É importante adquirir fogos apenas em lojas especializadas, seguir as instruções de uso e armazenamento do fabricante e nunca combiná-los com o consumo de álcool. Caso o artefato falhe, ele deve ser descartado. “Esses cuidados são essenciais para reduzir os riscos e preservar vidas. Pequenas atitudes podem fazer a diferença entre uma celebração segura e um acidente irreparável”, finaliza Novak.
Sobre o Hospital São Marcelino Champagnat
O Hospital São Marcelino Champagnat faz parte do Grupo Marista e nasceu com o compromisso de atender seus pacientes de forma completa e com princípios médicos de qualidade e segurança. É referência em procedimentos cirúrgicos de média e alta complexidade. Nas especialidades destacam-se: cardiologia, neurocirurgia, ortopedia e cirurgia geral e bariátrica, além de serviços diferenciados de check-up. Planejado para atender a todos os quesitos internacionais de qualidade assistencial, é o único do Paraná certificado pela Joint Commission International (JCI).
Sobre o Hospital Universitário Cajuru
O Hospital Universitário Cajuru é uma instituição filantrópica com atendimento 100% SUS e com a certificação de qualidade da Organização Nacional de Acreditação (ONA) nível 1. Está orientado pelos princípios éticos, cristãos e valores do Grupo Marista. Vinculado às escolas de Medicina e Ciências da Vida da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), preza pelo atendimento humanizado, com destaque para procedimentos cirúrgicos, transplante renal, urgência, emergência, traumas e atendimento de retaguarda a Pronto Atendimentos e UPAs de Curitiba e cidades da Região Metropolitana.