Instituto Paranaense de Cegos realiza passeio de trem para Morretes com grupo de 60 pessoas com deficiência visual
autonomia, convivência e novas experiências sensoriais. Ao longo dos últimos anos, o grupo já viveu diferentes aventuras coletivas, como visitas ao Acqua Park (Araucária), Beto Carrero World (Penha), Parque Aquático Panorâmico (Pinhais), Safari Farm (Tibagi), Projeto Tamar (Florianópolis) e Ilha do Mel (Paranaguá). Agora, o passeio de trem — um desejo antigo da maioria dos participantes — finalmente se concretiza.
A viagem será realizada a bordo do trem da Serra Verde Express, que percorre cerca de 70 km em meio ao trecho mais preservado de Mata Atlântica do país. Durante o trajeto, os passageiros atravessam 41 pontes, 13 túneis, cânions, cachoeiras e estruturas centenárias da ferrovia, considerada uma das mais belas do mundo. O grupo viajará em um vagão acessível, preparado para receber pessoas com deficiência visual e mobilidade reduzida.
Em Morretes, cidade fundada em 1733, os participantes irão passear pelo centro histórico e almoçar no tradicional Restaurante Ponte Velha, onde será servido o clássico barreado, prato típico do litoral paranaense.
As expectativas dos participantes
Para muitos, o passeio representa a primeira grande viagem após perder a visão. É o caso de Marcelo Aparecido d’Ávila, que perdeu a visão há nove meses e frequenta o IPC há quatro. Ele conta que já esteve em Morretes diversas vezes antes da perda visual — e agora espera viver a experiência sob uma nova perspectiva: “Vai ser uma sensação diferente, uma experiência completamente nova”. Para ele, agora, tudo é novo e a expectativa da viagem é grande: “Viajar, sair da rotina, viver algo fora do percurso casa–Instituto. Fico até apreensivo porque não sei como vai ser, mas estou realmente empolgado”.
Já a estudante Geraldine Gomes participou de vários passeios do IPC. Ela reforça o quanto essas viagens marcaram a sua vida e de outros colegas do Instituto: “Esse será meu terceiro passeio de fim de ano com o IPC. Eu adoro participar, são experiências que ficam guardadas pra sempre porque é muito divertido. Eles escolhem lugares lindos, os professores descrevem tudo pra gente e aproveitamos muito. Espero que a viagem de trem seja tão gostoso quanto os outros passeios.”
Um passeio construído a muitas vozes
O diretor do IPC, Ênio Rodrigues da Rosa, explica que a escolha do destino foi fruto de um processo coletivo: “Esse passeio já estava no radar havia dois ou três anos. Descer a serra tem um simbolismo turístico muito forte. E este ano conseguimos viabilizar.” Ele destaca, ainda, que o passeio chega em um momento especial para a instituição, que está passando por revitalização estrutural e trabalha na captação de recursos para uma futura nova sede: “Temos conquistas importantes em andamento, e essa viagem fecha o ano com um resultado bonito, algo que conseguimos organizar e entregar para o grupo com muito carinho.”
A professora Monica Adriana Alves, que organiza as atividades ao lado da professora Priscilla Kuklik, acompanha os estudantes desde o ano 2000 e reforça o impacto dessas vivências: “Eles amam essas atividades porque estão com os amigos e podem ‘se virar’ sozinhos. O principal é a autonomia: conversar, brincar, cantar, circular com liberdade”, diz Monica. Segundo ela, para alguns, será a primeira viagem de trem. Para outros, será a primeira saída sozinhos — sem familiares — depois de perderem a visão. “É emocionante acompanhar isso”, revela.
Serviço
O quê: Passeio de trem Curitiba–Morretes com cerca de 60 pessoas com deficiência visual
Quando: 5 de dezembro (sexta-feira)
Horário de embarque: 8h
Local de saída: Estação Ferroviária de Curitiba (Rodoferroviária)
Programação em Morretes: Passeio pelo centro histórico e almoço no Restaurante Ponte Velha (barreado)
Realização: Instituto Paranaense de Cegos
Apoio: Serra Verde Express
