Mudanças climáticas impulsionam demanda por martelinho

Mudanças climáticas impulsionam demanda por martelinho

Com o agravamento das mudanças climáticas e a frequência crescente de eventos extremos, como chuvas de granizo, o setor automotivo e o mercado segurador vêm enfrentando um novo cenário de impacto e oportunidade. Segundo dados divulgados pelo Sindicato das Seguradoras, Previdência e Capitalização do Estado de São Paulo, a Bradesco Seguros registrou em 2023 um aumento de 370% nos avisos de sinistros relacionados a desastres naturais, em comparação com o ano anterior. O valor das indenizações pagas por perdas causadas por eventos climáticos saltou 400%, passando de R$ 6,7 milhões para quase R$ 30 milhões no mesmo período.

Já em 2024, o cenário se intensificou ainda mais. De acordo com Veja, enchentes no Rio Grande do Sul e fortes chuvas em São Paulo contribuíram para um aumento expressivo nos custos com sinistros. Embora o setor segurador tenha alcançado um faturamento total de R$ 207,6 bilhões (alta de 10,2%), houve uma retração de 4,1% no lucro líquido, reflexo direto do impacto financeiro gerado pelos eventos climáticos extremos.

Dentro desse novo contexto de mudanças climáticas que afetam a estética automotiva, o martelinho de ouro pode ser considerado um serviço para atender a essa demanda. A técnica, conhecida por restaurar a lataria de veículos sem a necessidade de repintura, une eficiência, menor custo, agilidade e sustentabilidade.

Um dos profissionais brasileiros com atuação internacional no setor é Wellington Garcia, que trabalha como restaurador, consultor técnico e estrategista em projetos ligados à restauração veicular em diferentes países.

“Os carros chegam danificados, mas com o martelinho conseguimos devolver sua forma original sem gerar resíduos químicos nem comprometer a pintura. É um processo inteligente, sustentável e necessário”, explica Wellington, que coordenou em 2014 a restauração de 1.500 veículos da Volkswagen em Puebla, no México, após uma tempestade de granizo. E, em 2019, integrou uma das maiores ações de recuperação da história do setor, com 20 mil veículos restaurados na planta da Dodge, em Saltillo/México.

Além do México, Wellington já atuou em países como França, Suíça, Romênia e África do Sul, em parcerias com empresas como a JCR Hail e a alemã KhS Global Automotive Solutions, referência mundial no setor. “Vemos granizo com mais força e mais frequência — e o que antes era sazonal, virou rotina. Isso mudou o perfil do nosso mercado”, afirma.

Sua contribuição vai além da atuação prática. Wellington também tem se dedicado à formação de novos profissionais, ministrando cursos e palestras técnicas no Brasil e na Europa. “Minha missão é ajudar a qualificar o setor com mais precisão, consciência e visão de futuro. A técnica exige habilidade, mas também raciocínio físico e matemático — principalmente com os novos materiais e curvaturas dos carros mais modernos”, explica.

De acordo com o profissional, seguradoras e montadoras, o martelinho de ouro representa não apenas economia, mas também um alinhamento com práticas ESG. “É mais rápido que métodos tradicionais, não precisa de tinta e devolve o carro com a originalidade preservada — algo valioso especialmente para modelos de alto padrão”, afirma.

Com a previsão de aumento nos eventos climáticos extremos, a tendência é que soluções sustentáveis como essa se tornem cada vez mais estratégicas. “Temos uma técnica que resolve problemas urgentes com impacto mínimo. Isso é ouro — no sentido literal e simbólico. E é por isso que o mundo todo está olhando para nós”, conclui Wellington.

 

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