Empresas intensificam análise financeira de fornecedores

Empresas intensificam análise financeira de fornecedores

A preocupação com a segurança na cadeia de suprimentos tem levado um número crescente de empresas brasileiras a reforçar seus processos de avaliação de fornecedores. De acordo com dados da Serasa Experian, o Brasil encerrou 2024 com aproximadamente 6,9 milhões de empresas inadimplentes, evidenciando um cenário que exige maior rigor na escolha de parceiros comerciais.

A prática de realizar consultas financeiras durante a homologação de fornecedores, antes restrita a grandes corporações, hoje é adotada por negócios de diferentes portes e setores. A análise de dados como score de crédito, protestos, pendências financeiras e quadro societário tornou-se uma etapa essencial para mitigar riscos e assegurar a continuidade operacional.

Consulta integrada ao Serasa na gestão de fornecedores

Com a digitalização dos processos de procurement, soluções que integram consultas financeiras diretamente em plataformas de gestão têm ganhado espaço. A empresa brasileira Efcaz, por exemplo, integrou em seu sistema de gestão de fornecedores uma ferramenta que realiza a busca no banco de dados do Serasa, disponibilizando informações como score de crédito da empresa, percentual de risco de concessão de crédito, pendências financeiras e histórico de protestos. Esses recursos também incluem a análise do quadro societário dos fornecedores, permitindo identificar eventuais restrições financeiras dos sócios, como cheques sem fundos, dívidas vencidas e ações judiciais. A integração dessas informações no processo de homologação proporciona mais agilidade e confiabilidade na tomada de decisão, reduzindo a exposição das empresas a riscos ocultos.

“A digitalização da análise de fornecedores e o acesso a dados financeiros integrados ajudam a identificar riscos antes que eles se tornem problemas operacionais”, afirma Renato Pedroso, CEO da Efcaz.

De acordo com o Global Digital Procurement Survey 2024 da PwC, 96% das empresas já utilizam soluções automatizadas no ciclo de compras, e 92% adotam ferramentas digitais na etapa de contratação de fornecedores. Esses números revelam uma forte adesão à digitalização dos processos de procurement em todo o mundo. O objetivo é claro: tornar a análise de risco, a conformidade regulatória e a gestão de terceiros mais integradas, rápidas e seguras. A tendência é que ferramentas digitais tornem os processos de análise financeira e compliance ainda mais rápidos, integrados e transparentes.

Gestão de riscos financeiros se torna peça-chave na estratégia empresarial

A intensificação da análise financeira de fornecedores reflete uma mudança de mentalidade na gestão empresarial. A preocupação com a resiliência operacional, a responsabilidade corporativa e o compliance regulatório impulsiona a adoção de práticas mais rigorosas de homologação de terceiros. O impacto da escolha inadequada de fornecedores pode ser profundo, afetando não apenas o desempenho financeiro, mas também a reputação e a capacidade de atendimento ao mercado. Em setores como saúde, alimentação e infraestrutura, a falha de um fornecedor pode gerar rupturas graves na cadeia produtiva, com consequências para a qualidade dos serviços prestados.

Além disso, em um ambiente cada vez mais atento a práticas ESG (ambiental, social e governança), garantir que fornecedores estejam em situação financeira regularizada e livres de passivos ocultos é um requisito para manter programas de sustentabilidade e certificações internacionais. A análise de riscos também se tornou fundamental em contextos de auditorias e certificações de integridade corporativa. Normas como a ISO 37001 (gestão antissuborno) e a ISO 20400 (compras sustentáveis) reforçam a importância da avaliação prévia de fornecedores como parte integrante das boas práticas de governança empresarial.

Cadeia de suprimentos no centro das transformações

O cenário de transformação econômica, impulsionado por medidas como a Reforma Tributária, também reforça a necessidade de estruturas de supply chain mais sólidas e preparadas. Com a mudança na sistemática de cobrança de tributos — que passa a ser realizada no destino e não mais na origem —, a malha logística das empresas tende a ser redesenhada, exigindo parceiros comerciais mais estáveis e financeiramente seguros.

Empresas que investem em processos de homologação estruturados, com uso de informações financeiras confiáveis e plataformas de gestão integradas, tendem a reduzir significativamente seus riscos operacionais. A capacidade de mapear antecipadamente vulnerabilidades, identificar riscos ocultos e tomar decisões baseadas em dados se transforma em vantagem competitiva em mercados cada vez mais voláteis.

A digitalização das cadeias de suprimentos e a adoção de práticas de compliance no relacionamento com terceiros deixam de ser tendências para se consolidarem como componentes estratégicos para a sustentabilidade dos negócios. A análise financeira prévia de fornecedores é hoje vista como parte indissociável dessa transformação.

DINO