Escuta atenta é fundamental ao apoiar jovens que devem escolher uma profissão

Escuta atenta é fundamental ao apoiar jovens que devem escolher uma profissão

Como escolher uma profissão? Essa é uma das perguntas que mais assombram os estudantes ao longo do ensino médio. Eles precisam pensar quais passos querem seguir depois que se formam, e qual curso de graduação prestar no vestibular. E não existe receita pronta. O que antes, por exemplo, era sinônimo de realização profissional, hoje já não é mais – e as pesquisas evidenciam isso.

Um estudo recente da consultoria Deloitte realizado com 23 mil respondentes de 44 países revelou que 89% dos Millennials (pessoas nascidas entre o início dos anos 80 e 90) e 86% da geração Z (nascidos entre o final dos anos 90 e o começo dos anos 2010) acreditam que ter um senso de propósito no trabalho é muito importante para a sua satisfação profissional e o seu bem estar.

No Brasil, um levantamento do Instituto Locomotiva, em parceria com a Question Pro, trouxe resultado semelhante sobre a geração Z. A pesquisa, com amostra de 1,5 mil entrevistas, indicou que a geração Z valoriza mais flexibilidade e trabalho com propósito. Já os millennials valorizam mais salário, reconhecimento profissional e plano de carreira.

Entender os fatores que influenciam o senso de realização profissional é apenas um dos elementos importantes a serem considerados nesse momento decisivo de escolher uma profissão e prestar vestibular. Também é preciso levar em conta a influência da sociedade na escolha da profissão – e aqui os pais têm um papel muito importante.

Especialistas apontam, a seguir, algumas dicas sobre como pais podem ajudar seus filhos a encarar o desafio do vestibular com mais serenidade:

Entender os fatores que mais influenciam o senso de realização profissional

Entender mais sobre como se sentem os profissionais de determinada área pode ser um passo no processo de como escolher uma profissão.

Segundo o artigo Satisfação no trabalho – uma breve revisão, diversos autores e autoras têm se debruçado sobre a questão da satisfação no trabalho pelo menos desde a década de 30. Alguns a classificam como um sentimento, enquanto outros a veem como uma atitude, entre outras concepções.

Para o psicólogo norte-americano Edwin A. Locke, um dos mais renomados pesquisadores do assunto, a satisfação no trabalho é um estado emocional que depende dos valores de cada indivíduo e de como eles se realizam a partir dessa atividade. E, apesar de ser individual, é influenciada por fatores externos.

Ainda que não haja um consenso entre os especialistas, é possível listar como alguns desses fatores que influenciam o senso de realização profissional:

  • oportunidades de progresso e desenvolvimento profissional;
  • perspectiva na carreira;
  • equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional;
  • remuneração e benefícios;
  • status social da profissão;
  • relacionamento com colegas e gerência;
  • estabilidade no emprego;
  • rotina de trabalho.

Disparar uma conversa inicial sobre curso de graduação x profissão x carreira

Considerando a complexidade do mundo atual e a influência da sociedade na escolha da profissão pelos jovens, é fundamental orientar os adolescentes a buscar essa resposta a partir de um processo de autoconhecimento, construção da identidade e reflexão sobre o mundo do trabalho.

Um passo essencial para ajudar os jovens nesse sentido é orientá-los quanto a três conceitos importantes: curso de graduação, profissão e carreira.

“A profissão é a ocupação da pessoa em si. É o cargo que ela ocupará a partir de uma capacitação, como um curso técnico ou um curso de graduação. A carreira seria um segundo momento, quando ela acumula conhecimentos e competências em sua profissão por conta do seu desenvolvimento profissional, seja em diferentes empresas ou ocupando cargos distintos”, explica Maria José Gimenes, orientadora educacional da 3a série do ensino médio do Colégio Stockler, em São Paulo.

Ela ainda aponta que, ao escolher uma profissão, é importante que o estudante pesquise e pense sobre:

  • suas potencialidades e fraquezas;
  • seus interesses e suas expectativas;
  • o que quer fazer e/ou o que quer ser;
  • o ambiente de trabalho e a rotina da profissão escolhida;
  • qual a carreira almejada.

“Tem gente que quer ser biólogo porque gosta de Ciências da Natureza, mas não explorou outras profissões que podem ser exercidas nessa área (como Medicina, Agronomia, Oceanografia). Outros escolhem uma profissão sem pensar no dia a dia do ambiente de trabalho. Esse profissional fica o tempo todo trancado em um escritório ou numa fábrica? Tem que fazer muitos relatórios? Ou essa profissão requer muitas viagens e deslocamentos?”, completa.

Ficar atento aos erros que os pais mais cometem na hora de ajudar os filhos a escolherem uma profissão

A aprovação ou opinião dos pais ou responsáveis em relação à profissão é um dos fatores de influência da sociedade na escolha da profissão que mais pesam para os adolescentes que estão nessa fase. E o mesmo ocorre do lado dos responsáveis, que também sentem a importância dessa decisão.

A orientadora do Colégio Stockler, Maria José,   lembra que “na tentativa de ajudar os filhos no processo de escolher uma profissão, é comum que os pais tomem atitudes que geram mais frustração, insegurança e indecisão”.

Com isso em mente, ela aponta os erros mais comuns que ela vê os pais cometerem nesse momento:

  • Impor uma determinada carreira

Ocorre muito com famílias que já têm uma condição financeira estabilizada ou quando existe um negócio familiar que eles querem que seja herdado pelos filhos. Por exemplo, quando o pai tem um escritório de advocacia e quer que o adolescente curse Direito.

  • Achar que esse processo é fácil

Muitas mães e pais pensam que sabem dar dicas porque já passaram por esse momento. Porém, é preciso considerar que hoje existe uma gama maior de profissões a serem avaliadas e fontes de informação sobre o tema – o que pode ser bom, mas também pode gerar mais dúvidas.

  • Pressionar o filho a tomar uma decisão logo

Às vezes, os pais nem sabem que estão pressionando os filhos, pois não percebem que perguntar incessantemente sobre o processo tende a despertar mais ansiedade. Outras vezes, eles acabam sendo mais incisivos com relação a algumas profissões que acham que têm a ver com o filho, o que pode levar a uma imposição.

 

 

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