Os novos esportes do século XXI
Muita gente estranhou quando foi divulgado que o centro de treinamento do Palmeiras, em São Paulo, estava inaugurando uma quadra de padel, a pedido do treinador Abel Ferreira. Embora ainda não muito conhecido, o padel é um esporte que vem ganhando adeptos, anônimos e famosos, inclusive em Maringá.
E isso parece ser um fenômeno mundial. Nas últimas décadas vêm surgindo diferentes modalidades, sejam totalmente novas, sejam como incorporações desportivas de jogos que já existiam, mas até então consideradas apenas como lazer. O que, muitas vezes, cria um debate se determinado jogo pode ou não ser considerado um esporte. O mais célebre deles é o que envolve os eSports.
Os torneios competitivos de videogames como League of Legends ou CS:GO recebem narizes torcidos de muita gente, mas uma quantidade igual de pessoas, ou superior, acha que, de alguma forma, há um quê de esporte nessas disputas. Certamente há muito de atenção, disciplina, estratégia e reflexos, o que já faz com que se pareça com alguma modalidade tradicional. Talvez não haja tanta necessidade de condicionamento físico, e daí venham as queixas. Mas outros esportes, como o baseball, também prescindem de atletas sarados. Então, por que não?
Jogando com a cabeça
E quando se fala de novos esportes, há toda uma categoria em expansão. São os chamados jogos mentais, aqueles em que a habilidade do atleta vem basicamente do cérebro, não dos músculos. O grande representante dessa classe é o poker, o jogo de cartas mais praticado no mundo, muito pela sua acessibilidade em plataformas de entretenimento, mas também por reunir, a um só tempo, raciocínio e estratégia. E se alguém disser que é necessária alguma sorte – bem, o mesmo acontece no surfe, no qual se precisa torcer para o mar lhe trazer a onda perfeita. Mas de nada vai adiantar se não souber surfar…
Olhando o poker um pouco mais a fundo, dá para entrever muitas características esportivas. A primeira delas é a necessidade de treino. Nenhum grande jogador consegue sucesso da noite para o dia. São necessárias incontáveis mãos para automatizar alguns processos mentais. E a automatização é outro elemento do esporte. Também é necessária uma extrema concentração, algo que qualquer atleta de alta performance vai confirmar como imprescindível. E o poker ainda permite uma certa ousadia e criatividade, através do blefe. Algo semelhante ao bom e velho drible do futebol. Tudo isso posto, fica difícil não ver a modalidade como um esporte. E não por acaso os principais torneios são transmitidos pela TV, nos canais… esportivos!
O poker, bem como outros jogos mentais como xadrez, gamão e bridge, tem até sua própria competição mundial: a Olimpíada dos Esportes Mentais, que acontece anualmente em Londres e reúne atletas de mais de 30 países.
Estreia em Paris
E por falar em Olimpíadas, no ano que vem estreará um novo esporte nos Jogos Olímpicos de Paris: o Breaking, a dança esportiva derivada do breakdance, estilo surgido nos anos 80 e que, mais de trinta anos depois, ganha reconhecimento na maior competição do esporte. Ele vem se juntar a outros três novatos que estrearam em Tóquio – o surfe, o skate e a escalada – como uma estratégia do Comitê Olímpico Internacional para despertar o interesse do público mais jovem.
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O que nos leva de volta à pergunta: afinal, o que é necessário para um jogo, uma disputa ou uma competição ser considerado um esporte? Quanto de esforço físico é necessário, se é que se exige algum? Se o COI busca se aproximar da garotada, será que há a possibilidade de, um dia, termos medalhistas olímpicos de LoL? Ou veremos alguém subir ao pódio por vencer a competição de poker na categoria Texas Hold´em masculino?
As fronteiras esportivas estão se tornando cada vez mais flexíveis e não se pode descartar que em algumas décadas tudo isso se torne realidade. Porque há trinta anos ninguém imaginava que uma dança de rua iria virar esporte olímpico, e virou. Por enquanto, o padel parece ter mais chances de entrar em Los Angeles 2028. No futuro, não se sabe, mas com certeza teremos novidades com a chegada de outras modalidades na maior competição de esporte do planeta.