Enem 2025: Como usar obras de arte para valorizar a redação

Enem 2025: Como usar obras de arte para valorizar a redação

Professores explicam como encaixar referências visuais e musicais como repertório sociocultural produtivo em textos dissertativos

A redação do Enem exige do estudante mais do que domínio da norma-padrão da língua portuguesa: pede argumentação sólida, leitura crítica da realidade e uso de repertórios legitimados. Nesse contexto, obras de arte — sejam pinturas, esculturas, filmes ou músicas — se destacam como referências eficazes para enriquecer a argumentação e demonstrar repertório sociocultural produtivo, um dos critérios mais valorizados pela banca avaliadora.

Mas incluir obras artísticas na redação não significa apenas citar um nome ou título. É preciso contextualizar a referência, relacioná-la diretamente ao tema proposto e usá-la como ponto de apoio para desenvolver o argumento. “Frida Kahlo, por exemplo, pode ser mencionada em temas sobre identidade, diversidade, saúde mental e empoderamento. Mas é necessário explicar o motivo da escolha, relacionando sua biografia e obra ao recorte temático da redação”, afirma Gabriella Bracisievski, professora do Colégio Estadual Jorge Queiroz Netto, de Piraí do Sul (PR). A artista mexicana se tornou símbolo da luta por autonomia, da resistência feminina e da valorização da subjetividade.

Além da pintura, a música também pode ser usada estrategicamente. “Canções como Cálice, de Chico Buarque e Gilberto Gil, ou Asa Branca, de Luiz Gonzaga, dialogam com temas como repressão, censura, desigualdade e deslocamento forçado”, destaca Rodrigo Wieler, do Curso e Colégio Positivo, de Curitiba (PR). Ele alerta, porém, para o risco de usar trechos isolados sem aprofundamento. “Citar um verso famoso sem explicá-lo é insuficiente. O estudante precisa contextualizar e integrar a canção à sua linha argumentativa”, reforça.

A professora Livia Keiko Nagao, do Colégio Positivo – Master, de Ponta Grossa (PR), lembra que as obras do brasileiro Cândido Portinari oferecem repertórios visuais poderosos por abordar temas como trabalho, migração, pobreza e cultura popular. “Devido a seu compromisso social e sua participação em projetos públicos, Portinari tornou-se referência nacional e internacional”, destaca. Segundo ela, o importante é o estudante saber interpretar a imagem e extrair dela um conceito aplicável ao argumento.

Lívia e Gabriela lembram também a importância de interenções urbanas atuais como intrumento de protesto e citam o britânico Banksy como referência. “As obras misturam sátira, crítica social e política, abordando temas como desigualdade, guerra, consumo e liberdade”, afirma Lívia. “O artista anônimo transforma paredes e espaços públicos em instrumentos de reflexão e protesto”, completa Gabriela, que posta no artista quando o tema é liberdade de expressão.

Dicas práticas para usar arte na redação:

  1. Escolha repertórios legítimos e reconhecidosObras de artistas como Van Gogh, Frida Kahlo, Banksy, Portinari, Tarsila do Amaral, ou músicas de Chico Buarque, Elza Soares e Luiz Gonzaga são fontes culturalmente consolidadas.
  2. Contextualize a obra ou artistaIndique o autor, época, estilo e intenção da obra, mostrando que compreende seu significado.
  3. Relacione diretamente com o tema da redaçãoUse a obra como ponto de partida ou reforço de um argumento, explicando como ela se conecta ao problema discutido.
  4. Evite superficialidade ou uso genéricoNão basta citar “Abaporu” ou “A Noite Estrelada”. É preciso explicar seu contexto e significado simbólico.
  5. Varie os tipos de repertório artísticoFilmes, músicas, pinturas, esculturas, fotografia e até grafite urbano podem ser usados, desde que sejam pertinentes ao tema e bem articulados.

“Utilizar obras de arte na redação é mais do que uma estratégia estética: é uma forma de mostrar ao corretor que o estudante lê o mundo com sensibilidade, senso crítico e cultura. Quando bem empregada, a arte transforma argumentos em expressões potentes — e pode fazer a diferença na nota final”, finaliza Kayanna Pinter, professora do Colégio Semeador, em Foz do Iguaçu (PR).

Redação

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