Hospital Universitário Cajuru já atendeu quase mil acidentes de trabalho só em 2025

Hospital Universitário Cajuru já atendeu quase mil acidentes de trabalho só em 2025

No próximo domingo (27), celebra-se o Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho, data instituída em 1972 com o objetivo de reduzir os índices de acidentes, doenças ocupacionais, fatalidades e os custos decorrentes desses eventos. Embora seja um tema de alcance nacional, os reflexos locais também chamam atenção: só no primeiro semestre de 2025, o Hospital Universitário Cajuru já atendeu quase mil trabalhadores vítimas de acidentes durante o expediente.

Em 2024, o número foi ainda mais expressivo: mais de 3 mil atendimentos relacionados a acidentes de trabalho foram registrados no Pronto-Socorro da instituição, o que representa cerca de 7,5% do total de atendimentos. De acordo com Eduardo Novak, ortopedista do Hospital Universitário Cajuru, as ocorrências mais frequentes estão relacionadas ao uso inadequado de ferramentas, quedas de andaimes, escadas e telhados, além de acidentes com máquinas industriais, como moedores, trituradores, plainas e serras (incluindo a serra mármore). “As principais lesões envolvem fraturas, cortes profundos, esmagamentos e traumas musculoesqueléticos”, completa.

Segundo Carolina Arsie Cardoso, coordenadora de Segurança e Medicina do Trabalho do Hospital Universitário Cajuru, a situação revela uma falha cultural que precisa ser enfrentada com seriedade: “A ausência de processos bem definidos, os treinamentos ineficazes e a falta de fiscalização criam condições propícias para riscos graves, desde jornadas exaustivas até acidentes com maquinário pesado”, explica.

Cenário nacional

Entre 2012 e 2022, foram notificados 6.774.543 acidentes de trabalho, segundo dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho (SmartLab). Somente em 2024, foram registrados 724 mil casos no Brasil, de acordo com o Anuário Estatístico da Previdência Social.

A maioria das ocorrências (74,3%) corresponde a acidentes típicos, que acontecem diretamente no exercício das atividades profissionais. Em seguida, aparecem os acidentes de trajeto (24,6%) e, com uma fatia bem menor, as doenças ocupacionais (1%) — muitas vezes de difícil reconhecimento formal, especialmente quando envolvem questões de saúde mental.

Além do impacto imediato no atendimento hospitalar — com leitos ocupados, emergências sobrecarregadas e equipes mobilizadas —, os acidentes de trabalho também geram custos altos e duradouros para o sistema público de saúde. “O SUS arca com internações prolongadas, cirurgias, reabilitações e tratamentos psicológicos. Cada acidente evitado representa um alívio não só para o trabalhador e para a empresa, mas também para toda a estrutura da saúde pública”, reforça Carolina.

Outro ponto de atenção destacado pela especialista é a subnotificação: mesmo com ferramentas como o eSocial e a obrigatoriedade da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), muitos casos não são oficialmente registrados. “Estudos indicam que até 85% dos acidentes de trabalho não são notificados, o que dificulta o planejamento de políticas públicas e ações preventivas eficazes”, alerta.

Prevenção é fundamental

Para a especialista, a prevenção precisa ser tratada como prioridade estratégica — e não como mero cumprimento de normas. “As empresas precisam adotar uma cultura sólida de segurança, com treinamentos contínuos, análises de risco e uso rigoroso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Mas também é essencial cuidar da saúde mental dos trabalhadores, monitorando fatores psicossociais e promovendo canais de apoio emocional”, aponta Carolina.

Ela também destaca o papel dos próprios trabalhadores na prevenção. “A segurança ocupacional é uma via de mão dupla. Usar os EPIs corretamente, relatar riscos, participar dos treinamentos e manter uma postura responsável também salva vidas”, finaliza, ressaltando que investir em segurança do trabalho vai além de boas práticas: trata-se de uma estratégia inteligente, com a implementação de programas de bem-estar, palestras e ações educativas para fortalecer a consciência coletiva e criar ambientes mais saudáveis, produtivos e humanos.

Sobre o Hospital Universitário Cajuru

O Hospital Universitário Cajuru é uma instituição filantrópica com atendimento 100% SUS e com a certificação de qualidade da Organização Nacional de Acreditação (ONA) nível 3. Está orientado pelos princípios éticos, cristãos e valores do Grupo Marista. Vinculado às escolas de Medicina e Ciências da Vida da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), preza pelo atendimento humanizado, com destaque para procedimentos cirúrgicos, transplante renal, urgência, emergência, traumas e atendimento de retaguarda a Pronto Atendimentos e UPAs de Curitiba e cidades da Região Metropolitana.

Redação

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