Microbioma intestinal: o que o intestino revela sobre a sua saúde geral

Microbioma intestinal: o que o intestino revela sobre a sua saúde geral

35% da população brasileira relata algum tipo de desconforto intestinal frequente; exames modernos de fezes ajudam a identificar desequilíbrios na flora intestinal que podem influenciar o metabolismo, a imunidade e a prevenção de doenças inflamatórias e crônicas

Dados do Ministério da Saúde mostram que mais de 35% da população brasileira relata algum tipo de desconforto intestinal frequente, como constipação, diarreia, inchaço ou dor abdominal. Além disso, doenças inflamatórias intestinais, como colite ulcerativa e doença de Crohn, têm apresentado aumento constante, especialmente entre jovens adultos. Esses números acendem um alerta sobre a importância de cuidar da saúde intestinal, e os exames laboratoriais podem ser grandes aliados nessa tarefa.

“O microbioma intestinal é composto por trilhões de micro-organismos, como bactérias, fungos e vírus, que desempenham papéis essenciais na digestão, imunidade e até no humor das pessoas. Quando há desequilíbrio dessa flora, o corpo começa a dar sinais que muitas vezes não associamos ao intestino, como cansaço excessivo, problemas de pele, infecções recorrentes e alterações no metabolismo”, explica o responsável técnico e especialista em bacteriologia do LANAC – Laboratório de Análises Clínicas, Marcos Kozlowski.

O que os exames podem identificar

Kozlowski explica que com os avanços da medicina diagnóstica, exames de fezes passaram a oferecer muito mais do que a detecção de verminoses ou sangue oculto, sendo que hoje, é possível analisar com precisão a composição do microbioma intestinal, identificando desequilíbrios que podem estar na raiz de problemas como obesidade, diabetes tipo 2, doenças autoimunes e até depressão. “Os exames modernos conseguem mapear a presença de bactérias benéficas e patogênicas, indicar marcadores inflamatórios e avaliar a integridade da mucosa intestinal. Essas informações são fundamentais para médicos e nutricionistas elaborarem planos personalizados de tratamento e prevenção, especialmente em casos de doenças crônicas”, afirma.

Exames como coprocultura, parasitológico de fezes, teste de gordura fecal, sangue oculto nas fezes e calprotectina fecal contribuem significativamente para o diagnóstico de alterações intestinais, inflamações, infecções e distúrbios na absorção de nutrientes. “A calprotectina fecal, por exemplo, é um marcador importante de inflamação intestinal e pode auxiliar no diagnóstico de doenças inflamatórias como a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn”, destaca o especialista.

Além disso, o estado da microbiota intestinal está diretamente ligado à imunidade, que, segundo o especialista, é fortemente influenciada pela diversidade e equilíbrio das bactérias presentes no intestino, sendo que cerca de 70% das células do sistema imunológico estão localizadas nesta região. “Um desequilíbrio pode significar uma resposta imune menos eficaz, deixando o organismo mais suscetível a infecções, alergias e processos inflamatórios. Esse descompasso pode favorecer o desenvolvimento de doenças autoimunes e aumentar a sensibilidade a agentes externos, como alimentos e poluentes. “Manter uma microbiota saudável é como fortalecer uma barreira natural contra doenças, o que torna o acompanhamento por exames ainda mais relevante para a saúde preventiva”, reforça Kozlowski.

O que os exames do microbioma intestinal podem identificar diretamente, indicar ou contribuir para investigar:

    • Desequilíbrios na flora intestinal (disbiose)

    • Presença de bactérias patogênicas

    • Deficiência de bactérias benéficas

    • Marcadores inflamatórios intestinais

    • Alterações na permeabilidade intestinal (como o chamado “intestino permeável”)

    • Presença de fungos (como Candida spp.) e parasitas

    • Produção de ácidos graxos de cadeia curta (importantes para o metabolismo e imunidade)

    • Síndrome do intestino irritável

    • Doenças inflamatórias intestinais (Crohn, retocolite ulcerativa)

    • Doenças autoimunes (quando ligadas à permeabilidade intestinal)

    • Obesidade, diabetes tipo 2 e resistência à insulina (por alterações no metabolismo intestinal)

    • Alergias e intolerâncias alimentares

  • Quadros de fadiga crônica, baixa imunidade e alterações de humor

Mirella Pasqual

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