Treinamento corporativo vive mudança de paradigma

Treinamento corporativo vive mudança de paradigma

O mercado de treinamento corporativo digital enfrenta uma mudança de paradigma. Enquanto os sistemas Learning Management System (LMS) ainda dominam 83% das empresas, uma nova categoria de plataformas está conquistando gestores em busca de maior engajamento: a LXP (Learning Experience Platform), em tradução livre para o português “Plataforma de Experiência de Aprendizagem”.

A diferença vai além da nomenclatura. Os números mostram que o setor, avaliado em US$ 23,35 bilhões em 2024 e com projeção de US$ 82 bilhões até 2032, está sendo pressionado a evoluir diante das novas demandas por experiências mais dinâmicas e personalizadas.

O domínio do LMS e seus limites

Os sistemas LMS consolidaram-se como padrão nas últimas duas décadas, especialmente em setores regulamentados. Dados indicam que 40% das empresas da Fortune 500 utilizam essa tecnologia de forma extensiva, principalmente para gestão de compliance e controle de certificações.

“O LMS cumpriu seu papel histórico de organizar e controlar o treinamento, mas as expectativas mudaram. As pessoas querem experiências que façam sentido para elas”, afirma Matheus Marques, gerente de marketing e produto.

A arquitetura tradicional do LMS, focada em repositórios estáticos de conteúdo e trilhas pré-definidas, enfrenta questionamentos sobre sua capacidade de engajar profissionais acostumados a interfaces dinâmicas em outras áreas da vida digital.

O surgimento das LXPs

As LXPs surgem como resposta a essas limitações. Diferentemente dos sistemas tradicionais, são plataformas que operam como ecossistemas integrados, reunindo múltiplos formatos de conteúdo, recursos de aprendizagem social e mecanismos de inteligência artificial (IA) para personalização de jornadas. Essas soluções estruturam experiências com base em dados de comportamento e nas preferências registradas de cada usuário.

Gamificação como diferencial competitivo

A gamificação emerge como elemento central dessa transformação. Estudo publicado no MDPI Education mostra que aprendizado gamificado resulta em 42% mais retenção comparado ao ensino tradicional.

“A gamificação transforma uma obrigação em algo que o colaborador quer repetir. É a diferença entre empurrar e atrair”, comenta Danilo Parise, CEO e cofundador da Ludos Pro.

O cenário na América Latina

Na América Latina, a Ludos Pro posiciona-se entre as startups que aplicam essa nova abordagem tecnológica. A plataforma utiliza jornadas personalizadas que vão além de simples trilhas de aprendizado, integrando elementos e mecânicas típicas de jogos para criar experiências imersivas.

A solução combina storytelling com progressão por níveis, em que colaboradores vivenciam narrativas conectadas aos objetivos de negócio. Missões temáticas podem ser organizadas em diferentes contextos reais do ambiente de trabalho, enquanto sistemas de pontuação e conquistas reconhecem marcos de desenvolvimento.

Os dashboards analíticos da plataforma oferecem visibilidade sobre engajamento individual e coletivo. Gestores podem identificar padrões comportamentais, lacunas de competências e momentos de maior ou menor participação nas jornadas.

Desafios da transição

A migração para LXPs enfrenta obstáculos operacionais e culturais. “Muitas empresas já investiram significativamente em infraestrutura LMS, criando resistência à mudança. Além disso, a personalização exigida pelas LXPs demanda maior sofisticação técnica e mudança na mentalidade de gestão de pessoas”, observa Matheus Marques.

O sucesso da implementação depende de estratégias que considerem tanto aspectos técnicos quanto comportamentais, exigindo envolvimento de lideranças e comunicação clara sobre os benefícios esperados.

O mercado sinaliza que a competição entre LMS e LXPs deve intensificar-se nos próximos anos. Fornecedores tradicionais começam a incorporar elementos de gamificação e personalização, enquanto novos players apostam em soluções nativas de experiência.

DINO