Crescimento do segmento de luxo abre novas oportunidades para construtoras

Crescimento do segmento de luxo abre novas oportunidades para construtoras

A demanda por imóveis de luxo cresceu no início do ano. Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), a busca por casas acima de R$ 1,5 milhão aumentou 19,3% em janeiro deste ano em relação ao mesmo período de 2024, enquanto a procura por apartamentos teve um avanço de 12,4%. Resistente às incertezas econômicas, o segmento deve se manter sólido diante de juros elevados, restrição de crédito e retirada de recursos da poupança.

De acordo com o vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Bruno Magalhães, no ano passado, foram lançadas 670 unidades de imóveis de luxo em Belo Horizonte e Nova Lima. O valor global de vendas (VGV) total chegou a R$ 2,5 bilhões e Magalhães atribui os resultados a três elementos específicos desse tipo de imóvel. “Podemos colocar em um tripé: ótima localização, uma planta espetacular, bem resolvida e com grande metragem e, em terceiro, um produto sofisticado, que pode ser traduzido pela fachada, pela área de lazer e pelo paisagismo”, afirma. Essa combinação atrai compradores e investidores para esses imóveis, com valor de metro quadrado que pode chegar a R$ 30 mil.

Vizinha de Belo Horizonte, Nova Lima vem se consolidando como um destino procurado por aqueles que buscam exclusividade e tranquilidade com uma localização privilegiada. Tendo em vista esse cenário favorável, construtoras têm buscado a região como uma opção para receber empreendimentos de alto luxo. A Emccamp Residencial, construtora presente em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, anunciou o primeiro lançamento no padrão “Triple A”: o Águas Residence, na região da Lagoa dos Ingleses, em Nova Lima.

O projeto, com 692 lotes de 1.000m² a 2.800m², tem VGV previsto de R$ 1 bilhão. “Estamos muito entusiasmados com a recepção do mercado; afinal, 60% dos lotes foram comercializados na pré-venda. Esse projeto foi desenvolvido com base em uma ampla pesquisa para atender às demandas de um público exigente, que busca mais do que um lote; deseja um estilo de vida diferenciado”, afirma André Campos, vice-presidente da Emccamp.

Outra incorporadora que aposta em Nova Lima como potência para o mercado de alto luxo é a PHV engenharia. A empresa investe em projetos personalizados, que incluem itens como elevadores para carros e heliponto.

Para atrair um público de alto luxo, disposto a investir milhões em um único apartamento, é necessário apresentar diferenciais. Segundo Paulo Henrique Vasconcelos, presidente da PHV, “o diferencial premium está em acompanhar e se aproximar dos futuros moradores”. “Criamos eventos de encontro para as pessoas interagirem, sempre dando atenção à comunidade que está se criando ali, formada por grupos seletos que prezam por um convívio harmonioso.

Alexandre Nagazawa, arquiteto urbanista e diretor da Bloc Arquitetura Imobiliária, afirma que existe uma palavra que resume esse diferencial buscado pelos clientes que consomem o alto luxo: a sofisticação. “Quem busca o alto luxo tem uma vida sofisticada com acesso a produtos e serviços exclusivos, independentemente de penduricalhos tecnológicos ou modismos de mercado. Com acesso a design de altíssimo padrão, equipamentos urbanos de arte e cultura, contato com a natureza, muita segurança e praticidade”, explica o especialista.

O Grupo EPO, que atua há 32 anos no mercado de alto padrão, tem investido em empreendimentos com esse perfil e fez o pré-lançamento do Botânico no Vale do Sereno, em Nova Lima. “Criamos um empreendimento sem muros, fluido, integrado à cidade e à natureza, que reafirma o compromisso com a sustentabilidade e a convivência, promovendo um jeito de viver integrado ao ecossistema local e à comunidade”, destaca Guilherme Santos, vice-presidente do Grupo EPO. O empreendimento será construído em torre única, com um total de 98 apartamentos.

A força da centralidade

Apesar do fenômeno dos condomínios luxuosos em Nova Lima, outra tendência que se consolida no mercado é a busca por opções de alto padrão na região Centro-Sul da cidade. Savassi, Lourdes e Santo Agostinho, locais inseridos na efervescência cultural e gastronômica da capital mineira, são cada vez mais procurados por um público de alto luxo.

Levantamento do Data Secovi, instituto de pesquisas da CMI/Secovi-MG (Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato da Habitação de Minas Gerais), mostrou que, em 2024, das nove regionais belo-horizontinas, a Centro-Sul foi a que registrou o número de negócios mais expressivo: 25,1% das vendas gerais. Bairros dessa região são citados na pesquisa com os maiores valores da cidade, todos acima de R$ 12,8 mil por metro quadrado e valores médios dos apartamentos superiores a R$ 1,53 milhão.

Um dos recentes projetos da Somattos Engenharia, o Casa Aleixo, na rua Professor Antônio Aleixo, combina alto luxo e acesso a comércio e serviço que a região Centro-Sul proporciona. Com VGV estimado em R$ 100 milhões, o empreendimento tem 28 apartamentos de quatro quartos de 172m² a 356m². O projeto apresenta uma área de lazer com piscina com raia climatizada, salão de festas com bar e terraço, wine bar, sala de massagem, espaço fitness e playground.

A construtora possui, ainda, outros três projetos de alto luxo na região. É o caso do Momento, no bairro Santo Agostinho, e Hub Savassi e Flow, na Savassi. Na avaliação de Carolina Lara, gerente de Marketing e Experiência do Cliente da Somattos, esse é um mercado cada vez mais promissor. “Os clientes e investidores de alto padrão, que desejam permanecer nos centros urbanos, buscam cada vez mais a exclusividade em conjunto com a praticidade. Em uma cidade rica culturalmente como BH, a região Centro-Sul é capaz de oferecer exatamente isso”, afirma.

DINO