Chega de decoreba: faculdade paranaense lança vestibular personalizado
Inspirado nas melhores universidades do mundo, novo modelo da Faculdade Donaduzzi abandona notas de corte e valoriza competências humanas
Os vestibulares no Brasil seguem, há décadas, o mesmo roteiro: provas padronizadas, foco em memorização e pressão por desempenho imediato. “Esse tipo de processo seletivo premia a performance sob estresse e negligencia competências como criatividade, empatia, pensamento crítico e resiliência — habilidades essenciais para o sucesso acadêmico e profissional no século 21”, afirma o vice-presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), Carlos Longo.
Segundo ele, o sistema mantém vícios antigos. “Há um viés socioeconômico evidente. Quem teve acesso a cursinhos ou estudou em escolas particulares sai na frente. Além disso, essas provas ignoram contextos, trajetórias e talentos diversos”, observa.
Inspirada em universidades como Harvard e Stanford, uma iniciativa do Oeste do Paraná rompe com esse padrão. A Faculdade Donaduzzi, instalada no Biopark – Parque Tecnológico do Oeste do Paraná, acaba de lançar um novo modelo de processo seletivo. A proposta é ousada: um vestibular que avalia o estudante de forma integral, contemplando aspectos cognitivos e socioemocionais, dentro dos princípios da Educação 5.0 — abordagem que humaniza o ensino e prioriza propósito, empatia e protagonismo.
Os candidatos passam por três etapas, que envolvem diferentes avaliações: redação, teste de raciocínio lógico, bateria de percepção de aprendizagem, teste de raciocínio geral, teste de memória, análise de resiliência, entrevista individual e dinâmica de grupo. As provas podem ser agendadas semanalmente entre outubro de 2025 e fevereiro de 2026, com resultados divulgados em até sete dias.
“Avaliamos o estudante por múltiplas dimensões. Não estamos apenas interessados no que o estudante sabe, mas em como aprende, pensa, se comunica e se adapta”, explica a gerente acadêmica da Faculdade Donaduzzi, Dayane Sabec Pereira.
A proposta busca alinhar o perfil e o propósito dos ingressantes ao projeto pedagógico da instituição. “Nosso objetivo é promover engajamento, permanência e sucesso acadêmico, evitando frustrações causadas por escolhas baseadas apenas em pressão externa ou conveniência”, acrescenta Dayane.
O processo respeita a diversidade cognitiva, com adaptações específicas para candidatos com neurodivergências. “Ao considerar essas habilidades, reforçamos nosso compromisso com uma educação centrada na aprendizagem significativa, no desenvolvimento integral e no reconhecimento de talentos que, em modelos convencionais, muitas vezes permanecem invisíveis”, pontua.
Para a especialista em inovação educacional Betina von Staa, doutora em Linguística Aplicada e fundadora da BvStaa Tecnologia & Educação, a iniciativa é estratégica para diversificar talentos e democratizar o acesso ao ensino superior de qualidade. “A decisão de ampliar os critérios de avaliação é extremamente relevante para identificar diferentes perfis de estudantes. Avaliar apenas conteúdo é uma abordagem limitada. Com instrumentos variados, é possível reconhecer histórias de vida e competências diversas — algo que as melhores universidades do mundo já fazem há décadas. A Faculdade Donaduzzi caminha na direção certa ao apostar em um modelo de excelência mais justo e inclusivo”, analisa.
Para o professor José Motta Filho, doutorando em Filosofia da Educação e consultor educacional com atuação internacional, o modelo da Donaduzzi representa uma ruptura necessária com os paradigmas excludentes do passado. “Os vestibulares tradicionais ainda classificam candidatos, mas não reconhecem integralmente seus potenciais. Medem conhecimentos, mas pouco captam valores, atitudes e projetos de vida. É urgente que o Brasil caminhe para sistemas mais humanos, contextualizados e inclusivos”, avalia.
Motta destaca que abordagens integradas reduzem a ansiedade dos candidatos e valorizam diferentes formas de inteligência. “A maioria das provas atuais ignora competências fundamentais, como curiosidade, persistência, colaboração e empatia. Ao incorporar múltiplas formas de avaliação, a Faculdade Donaduzzi se aproxima dos modelos mais eficazes e justos de seleção educacional no mundo”, completa.
As avaliações acontecem semanalmente entre outubro de 2025 e fevereiro de 2026, com agendamento no site da instituição, conforme o calendário do edital. O resultado é divulgado em até sete dias após a prova, o que reforça o caráter individualizado do processo e oferece agilidade ao futuro acadêmico.
Sobre a Faculdade Donaduzzi
Inserida no coração do Parque Tecnológico do Oeste do Paraná – Biopark, a Faculdade Donaduzzi fica a cerca de 16 km do centro de Toledo (PR), em uma área de mais de 5 milhões de m² dedicada à tecnologia, à pesquisa e ao ensino.
Fundada em 2016, junto com o Biopark, pelo casal Carmen e Luiz Donaduzzi, a instituição nasceu com o propósito de enfrentar a falta de mão de obra especializada nas Ciências da Vida e integrar teoria e prática em um único ambiente.
Em 2021, com a formatura das primeiras turmas, a faculdade conquistou nota máxima (5) no credenciamento do Ministério da Educação (MEC). Hoje, mais de 70% dos cursos são reconhecidos pelo MEC com nota máxima e próxima disso, consolidando a instituição entre as melhores do Brasil.
A Faculdade Donaduzzi oferece oito cursos de graduação: Administração, Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Ciência de Dados, Ciência e Tecnologia, Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia, Engenharia de Software, Farmácia e Inteligência Artificial.
De acordo com o vice-presidente do Biopark, Paulo Roberto Rocha, um dos principais diferenciais da instituição está nas metodologias personalizadas aplicadas desde os primeiros semestres, com aprendizagem baseada na resolução de problemas e projetos desenvolvidos em empresas do próprio parque tecnológico. Há também forte integração com o mercado de trabalho: mais de 90% dos alunos estão empregados ou estagiando desde o primeiro ano da graduação.
A faculdade dispõe de laboratórios de ponta — como os de biomateriais, queijos finos e multiusuários —, biblioteca, auditório, salas de conferência e restaurante universitário. Na pesquisa, atua em parceria com instituições como a Embrapa, com quem divide a Unidade Mista de Pesquisa e Inovação (UMIPI), desenvolvendo projetos voltados para agronegócio, piscicultura, reúso de água e análise de efluentes.
“A conexão com mais de 200 empresas, os projetos que unem ciência e comunidade, o reconhecimento do MEC e os altos índices de empregabilidade fazem da Donaduzzi uma referência nacional. A instituição transforma uma área agrícola em polo de inovação e desenvolvimento regional”, resume Rocha.
O edital completo do processo seletivo está disponível neste link.
